Após uma semana com céu de brigadeiro em São Paulo, a chuva resolveu dar seu ar da graça em pleno sábado, véspera do Dia das Mães, durante noite antológica para o Rock n’ Roll. Mais uma vez no Brasil, dois anos após sua última visita, Johnny Rivers era o culpado pela heterogênea massa de pessoas – senhores, senhoras, jovens adultos e adolescentes – que seguiam em direção ao HSBC Brasil nesta chuvosa e fria noite.
A casa é um ótimo local para sediar shows deste porte, no entanto não podemos deixar de falar na longa viagem que tem que ser feita até chegar lá. Porém não nos esqueçamos que longe para uns significa perto para outros, então ta tudo ok…
Um pouco depois das 22h Johnny Rivers e banda adentram o palco do HSBC Brasil e já começaram mostrando que não estavam para brincadeira: Midnight Special foi a escolhida – e muito bem escolhida – para abrir o show. É impressionante como esse cara não envelhece! Aliás, ele merece um parágrafo só dele. Então vamos lá.
Johnny Rivers é foda! O cara tá na estrada desde o começo dos anos 60, com certeza aproveitou tudo que sucesso lhe trouxe – de mulheres a substâncias da medicina recreativa – e continua o mesmo: boa forma, voz intacta, precisão perfeita ao tocar guitarra: o tempo parece ser uma das companheiras de estrada de Mr. Rivers. Nunca foi de falar muito nas apresentações, mas tem ótima presença de palco e carisma de sobra para sacudir qualquer platéia do planeta.
Depois de Midnight Special, Johnny mandou Rooster Blues – que você confere no vídeo ao final desta matéria – do grande Lightnin’ Slim. Acredito que nem todos conheciam esta, mas não tem como ficar imune a um Rhythm n’ Blues deste porte. Diversão garantida!
A esta altura o público já estava mais solto, mandando gritos de “Go Johnny” ou “Rock n’ Roll, Johnny”, o que é sempre divertido, afinal era um show de Rock n’ Roll, não do João Gilberto. Dando seqüência à apresentação, foi a vez de um medley matador, começando pela deliciosa Mountain of Love, indo para Lawdy Miss Clawdy – imortalizada pelo Rei, Elvis Presley – e emendando com Kansas City, gravada por gente do quilate de Carl Perkins e Beatles.
Logo após o medley, a primeira canção da noite que absolutamente todos os presentes conheciam: Summer Rain. O público a reconheceu nos primeiros acordes e não deixou barato, cantando do início ao fim a letra desta que é uma das mais belas músicas da carreira do Johnny Rivers.
Continuando o momento balada, Johnny pega o violão e faz uma versão arrepiante do hino The House of Rising Sun. Sua interpretação para este clássico foi alguma coisa de sobrenatural, cantando-a com uma voz que hora sussurrava, hora clamava, injetando puro feeling na execução da música. Depois foi a vez dele mostrar um trabalho recente, pinçado do seu último álbum, Shadows on The Moon. A escolhida foi uma balada, de nome Beautiful World, que esfriou um pouco a platéia, apesar de ser uma ótima música.
Daí pro final, Johnny despejou clássicos em cima de clássicos no público: Poor Side of Town, Rockin’ Pneumonia and The Boogie Woogie Flu, Baby I Need Your Lovin’, na qual Johnny pediu ajuda do público no refrão, e brincou fazendo aquele joguinho de “só os homens cantam… agora só as mulheres”. Sem dó nem piedade, Johnny tirou mais clássicos de sua cartola: Memphis Tennesse – composição de Chuck Berry – e It’s Too Late encerraram o show, que não havia realmente terminado. Estavam faltando algumas músicas obrigatórias – ganha um prêmio quem souber quais!
Enquanto Mr. Rivers e banda tomavam uma água no backstage – ah, o backstage – a platéia não parava de chamá-los de volta ao palco. O público de Johnny Rivers é fiel, mas é exigente e não iria embora sem os dois maiores sucessos do homem aqui em terras tupiniquins. Logicamente que ele voltou e deu ao público o que ele tanto queria, e mais um bônus.
Johnny voltou sozinho ao palco e começou uma versão de voz e guitarra – ainda que na voz ele tenha recebido uma mãozinha do público – daquela que talvez seja seu maior sucesso por aqui: Do You Wanna Dance. Após a primeira estrofe, a banda retornou, levou a música até o final, com a galera cantando do início ao fim. Antes da derradeira canção da noite, ele ainda detonou mais um clássico de Chuck Berry há muito incorporada em seu repertório: Maybelline.
Para concluir o show, a música obrigatória que faltava. Antes de começar de fato a canção, Johnny ainda mandou uma intro meio flamenca que deu o clima perfeito para o dedilhado inconfundível de Secret Agent Man. Conhecida inclusive pelos que não são familiarizados com a obra do Johnny Rivers, foi dela a responsabilidade de concluir este grande show. Ao final de Secret Agent Man, Johnny e banda se despediram do público, que os aplaudia de pé.
Apresentação terminada, luzes acesas, cortinas fechadas, hora de ir para casa. Não é bem assim… Como vocês, caros leitores, provavelmente não entenderam a referencia ao backstage três parágrafos acima, explicarei agora tanta ênfase no bicho. Seu destemido repórter, também conhecido como “eu mesmo”, teve a sorte de entrar no camarim do velhinho e tirar uma foto com ele. É isso mesmo! Eu consegui tirar uma foto com Johnny Rivers!!!
A parte engraçada da história é que no momento em que entrei no backstage, uma senhora tinha pedido que Johnny autografasse um DVD. O problema é que, como os fãs sabem, Johnny Rivers nunca gravou um DVD, e este se tratava de um daqueles produtos que são comercializados em bancas de jornal, ou seja, não se trata de um produto pirata, mas com certeza também não tem a autorização do artista, provavelmente sendo fruto de acordos escusos entre os donos de seu catálogo por aqui. Resumo da ópera: Johnny recusou-se a autografar o bicho e ficou um tanto irritado em saber da existência dele.
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